Um geek torna-se artista ou consume vorazmente entretenimento.
O que nos distingue do resto da população começa bem lá atrás, ainda em criança, por volta da altura que se deixa de acreditar no Pai Natal, quando tomamos consciência que magia não existe. Isso afecta-nos a todos de maneira diferente. Nós geeks percebemos que estamos pregados a viver num só mundo (este): "Nasci demasiado cedo para explorar as estrelas e demasiado tarde para explorar o mundo".
Não me leve a mal, este mundo tem os seus encantos, o pôr do sol, o mar, as florestas, mas é fechado numa caixinha; um geek não se contenta com o que só existe.
Ser geek é tomar consciência que eu nunca vou ser o escolhido que um dia vai salvar o mundo, que nunca vou ser o capitão de uma nave espacial na galáxia ali ao lado, que nunca vou fazer parte de uma equipa com super-poderes. Sou só um figurante a picar o ponto das oito às cinco numa historia maior que eu, e nem sei quem é o ator principal.
Ser geek é encontrar no cinema um portal para realidades paralelas, é ter numa série de tv os melhores amigos, e é ser o herói, que sonhámos de olhos acordados, num video-jogo. É dizer obrigado por me mostrares isto, mas eu tenho um lugar melhor para estar.
Um geek torna-se pai e de repente há como reviver, ainda que pelos olhos de outro, a magia; porém, o relógio começa a contagem e também ela, tua filha, vai um dia cair em consciência - pobre menina.
Onde está o meu sabre de luz ou a escola onde vou aprender feitiçaria? Geeks: crianças presas num corpo a envelhecer.