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sexta-feira, 6 de maio de 2016

A Carta e o Email - por Tiago Dutra e Michael Rocha.

Em colaboração com o muito talentoso Michael Rocha, que faz excelentes pinturas e ainda diz, não sei se por humildade, estar num caminho de aprendizagem, surge esta obra. É a maravilha de se ter um blogue, de escrever, de estar atento a novos artistas, da necessidade de criar e apreciar o que criam.
O desafio: Eu e Michael tínhamos de inspirar-nos um no outro. Eu criava um texto e ele tirava inspiração e pintava, depois trocávamos e era ele o primeiro a criar e eu tinha de escrever a partir do seu trabalho. Enquanto isso, o tema era AMOR e tínhamos de mostrar ambos os lados do casal -  o dele e o dela. 
O resultado é algo que estamos os dois orgulhosos. Espero que gostem.


1º desafio: o Michael pintar sobre o que escrevi.

Arte de Michael Rocha
Querido Tiago,
O amor tem limites, não conquista tudo, nem é a maior força do mundo; eu culpo esta cultura que galopa às cegas no que lhe dizem. O amor é uma e uma coisa só: como me fazes sentir a meu respeito. Tu, dono e senhor desta relação, fizeste-me sentir a inquilina com renda por pagar; e eu teria comprado tudo, tudo mesmo, se ao menos tivesses deixado. Eu não pedi um príncipe ou cavaleiro andante, eu queria um simples costureiro que me vestisse de sorrisos todos os dias.
És uma escultura de homem, mas por dentro és impecavelmente imperfeito. Tens necessidades que sugaram as minhas; secou-me. Eu ajudei-te a encontrar a tua voz, e no fim escolheste o silêncio – que seja.
Eu mereço uma vida de problemas aplanados e tu deste-me altos e baixos, curvas e contracurvas de emoção, um fugir, sem esconderijo, de monstros que tu próprio construíste.
Tem sido um longo caminho, o nosso, e acho que vou ficar por aqui; o longo adeus pelo fino fio da amizade ou o rápido, mas nunca indolor, desprender de tudo; escolhes.
Há um tu aí algures que eu ainda amo pelo que me faz sentir, mas eu prefiro ter uma tristeza completa do que uma meia felicidade, metade de tudo é também metade de nada. Eu estive contigo porque eu quis, nunca porque precisei, esta foi a minha oferta – livre arbítrio –, escolher-te, dar-me; ninguém vai ser o arquiteto da minha vida, não mais, não nunca, não mesmo: voo com as minhas próprias asas.
Adeus.
Texto de Tiago Dutra 


2º desafio: eu escrever sobre a pintura do Michael. 

Arte de Michael Rocha
Olá Paula,
Seis meses é muito tempo.
Perguntava-te como estás, mas tenho medo que a resposta seja outra coisa que não: estou com saudades tuas; vou, invés disso, dizer-te como estou: corro, de perna curta, à frente das memórias que tenho de ti, mas hoje, cansado, deixei-me apanhar.
Tenho feito uso da imaginação como escape, posto os problemas a uma distância tolerável – o mundo cabe num bolso quando se tem imaginação. A vida é uma tela salpicada em tons cinza, a criatividade adiciona cor, e a imaginação faz-nos nadar na pintura.
Deviam ensinar-nos, desde pequenos, na escola, o que fazer depois de uma separação, ando a tatear, às cegas, esse caminho. O pós-relação é um período de perguntas sem respostas, de um silêncio que não sabe se vai, se fica. Há dias de saudade, arrependimento e até raiva; sou um sobrevivente pós-amor.
Confesso: hoje em dia, apaixono-me duas ou três vezes por dia, todos os dias. Vocês mulheres: cada uma com seu encanto. Há sempre uma maneira de andar, falar, vestir, um perfume novo, o tempo que dão aos vossos penteados, vocês são verdadeiramente uma das maravilhas da vida; e depois eu lembro-me de ti e caem todas em defeitos. A vaidade ficava-te tão bem, tinhas o tamanho certo de confiança sem seres convencida. Sabes, só se vive verdadeiramente quando se é desordeiro com as emoções, e nós fomos uns rebeldes.
Fui visitar a sombra debaixo da nossa árvore, aquela onde fizemos amor tantas vezes, persegue-me nas fantasias.
Em suma: estou bem, como vês. E essa é a versão a que vou agarrar-me enquanto de ti não ouvir: estou com saudades tuas.
Beijo.
Texto de Tiago Dutra


Nota: Visitem o Michael AQUI, ele tem publicadas obras fantásticas.


2 comentários: